O sonho abortado


Daniele é uma menina jovem de dezesseis anos, ela é extrovertida, simpática e que possui um bom humor que contagia qualquer pessoa em sua volta.

Ela sempre sonhou em se casar e ter filhos, esse foi o maior de seus sonhos. Ela possuía um diário onde escrevia todas as suas metas e sonhos a serem alcançados, e entre todos esses sonhos o que ela mais escrevia era sobre sua vida futura, onde descrevia como seriam os seus filhos, pois sempre sonhou em ter um casal de filhos, e todos esses sonhos que ela tinha, ela sempre incluía o Renato, um jovem de dezoito anos, bem humorado, de vida simples, mas que ela sempre o amou.

Ela o conheceu quando tinha treze anos, quando os dois estudavam em uma escola pública e o Renato por ser mais velho e ser de uma turma de uma série acima da Daniele, ele nunca se preocupou em conhecê-la, mas por outro lado a Dani sempre foi apaixonada por ele, mas nunca disse nada ao Renato, porque tinha medo de ser desprezada, por ela ser mais nova que ele. Até que um dia ela teve coragem e se declarou a ele dizendo que gostava dele.

O Renato surpreso com a declaração disse que se sente lisonjeado pela declaração dela, mas que não saberia o que fazer.

Demorou alguns meses, eles acabaram ficando juntos desde então.

O sonho que a Dani sempre teve, acabou sendo adotado pelo casal, que sonhavam juntos, e planejavam tudo.

Diferentes de muitos casais, os dois sempre que ficavam sozinhos juntos, na maior parte do tempo, eles conversavam sobre o sonho que os dois tinham, e nessas conversas eles ficavam narrando como seria cuidar dos seus futuros e sonhados filhos, quantos filhos eles teriam, se seriam meninos ou meninas, se seriam calmos ou hiperativos, os nomes que as crianças teriam, eles imaginavam e narravam até quem acordaria de madrugada para cuidar do bebê quando chorasse.

Esses sonhos nasceram com a Daniele, que sempre sonhou em formar uma família.

Com poucos meses de namoro os dois já estavam ajuntando dinheiro para comprar uma casa e se casarem, e pelos cálculos e as contas que os dois fizeram com o dinheiro que eles recebiam mensalmente e guardavam para se casarem, eles conseguiram chegar a uma conclusão que demorariam seis anos para conseguir realizar esse sonho.

Tudo parecia estar dando certo, o dinheiro era guardado em uma poupança, e eles se esforçavam muito para conseguir juntar esse dinheiro.

Até que um dia tudo na vida da Daniele muda radicalmente.

Era uma noite tranquila, e, o Renato e a Daniele estavam passeando juntos por uma praça, onde os dois costumavam ir para conversar e namorar, até que em um desses passeios eles estavam voltando para casa quando um carro preto para do lado deles, e um homem encapuzado segurando uma arma na mão aborda eles, e de maneira violenta, esse homem bate na nuca dos dois, fazendo-os desmaiarem.

Daniele e Renato sem saberem o que aconteceu acordam em um cômodo fechado, com apenas uma porta, em que, o Renato está de um lado da parede preso em uma cadeira amordaçado e do outro lado do cômodo, em uma distância de dois metros e meio, a Daniele nua, de pé, com os braços e pernas presas por uma corrente de forma que seus braços e pernas ficam abertos, e uma mordaça de uma fita adesiva cinza em sua boca.

Ao perceberem a condições que os dois estavam, eles começam a se desesperar, pois eles não acreditavam no que estava acontecendo com eles.

O medo e o pavor começam a tomar conta deles, eles não tinham como se comunicar oralmente, mas somente com os olhos.

Os dois se olhavam intensamente, mas o que um conseguia ver no olhar do outro, era o desespero e a tristeza, em que as lágrimas de seus olhos escorriam sem parar.

Após um tempo se olhando, Daniele começa a se olhar e via que sua condição poderia representar algo extremamente ruim para ela, pois ela se encontrava amarrada e totalmente nua, extremamente vulnerável, sem condições nenhuma para se defender, e o amor da sua vida estava ali a olhando, sem poder fazer nada a não ser observar e ver todo o seu sofrimento, pois ele se encontrava todo amarrado em uma cadeira de ferro que estava parafusada no chão, ele não conseguia fazer nenhum tipo de movimento, a única coisa de seu corpo que ele conseguia mexer era sua cabeça, e mesmo sabendo que não tinha como fazer nada, Renato olhava em volta do cômodo para tentar achar algo ou alguma coisa que pudesse ajudá-los, mas ele não encontrou, o quarto estava totalmente vazio, só havia ele e sua amada amarrados e vulneráveis, a única coisa que eles conseguiam fazer era se olharem, tentando se comunicar, apenas pelos olhares, olhares esses que eram facilmente embaçados pelas lágrimas que fluíam de seus olhos.

Eles não ouviam e não falavam nada. Era um silêncio profundo daquele cômodo. O casal só esperava pelo pior.

Algumas horas depois houve-se um barulho de um ruído, poderia ser um portão de ferro se abrindo, logo eles escutam barulhos de passos, que a cada passo ficava mais alto e mais próximos de onde eles estavam, o casal apenas se olhavam percebendo que algo de muito ruim estava preste a acontecer, e isso deixava-os cada vez mais aflitos e com medo, e de tanto chorarem as escleras de seus olhos estavam totalmente avermelhadas.

O cômodo era escuro, totalmente fechado, não havia nenhuma ventilação, havia somente uma lâmpada no meio do teto preto que estava acesa, mas a iluminação dela era fraca, porém era uma iluminação que dava para ver toda a parte daquele lugar, o cômodo era fechado com uma porta grande e pesada feita de ferro maciço, que tinha apenas um buraco quadrado no meio da parte de cima da porta, na parte de dentro da porta não tinha trinco e nem fechadura o que parecia que a porta só podia ser trancada na parte de fora.

O som dos passos foram ficando mais próximos e mais lentos, até que se houve silêncio por dois segundos, então eles ouvem um barulho de alguém abrindo a porta daquele cômodo, o desespero do casal aumentava cada vez mais enquanto eles olhavam fixamente para a porta que estava preste a se abrir, mas por causa da porta ser de ferro e bem pesada, ela lentamente começa a se abrir. A reação do casal era somente se olhar e ambos percebiam o desespero nos olhos um do outro, o lugar era quente e o os dois estavam totalmente molhados de suor.

A porta se abre, e eles veem uma pessoa de altura média, usando um capuz preto na cabeça que só dava para ver os olhos, pela estatura física, parecia ser um homem que vestia uma roupa toda preta, uma camisa social, uma calça social, uma luva e um sapato, tudo preto, ele carregava na mão um facão de quarenta centímetros de comprimento que cortava apenas de um lado. Ao verem tudo aquilo o casal se olha, só que dessa vez era um olhar de despedida, pois o pior que eles estavam esperando acontecer estava preste a acontecer naquele momento.

O homem se vira e puxa uma pequena mesa de ferro com uma das mãos para dentro do cômodo, ele coloca a mesa entre o casal que olhavam toda a ação daquele indivíduo, ele então coloca a faca em pé no batente da porta e entra para dentro daquela sala quente e fecha a pesada porta de ferro, esse homem então lentamente passa por trás do Renato colocando sua mão esquerda na cabeça dele, e de trás do Renato, ainda com a mão esquerda na cabeça dele, o homem aponta o dedo indicador da mão direita para a Daniele que começa a chorar, então depois de apontar o dedo indicador para ela, com o dedo ainda esticado ele passa o dedo da esquerda pra direita na direção do pescoço do Renato, fazendo um sinal de que aquele seria o último dia deles.

Então o homem vai para o outro lado da mesa onde Daniele está, e vai na direção dela, ele aperta um botam preto na parede que faz as correntes esticarem os braços dela fazendo ela levantar e ficar erguida com as pernas abertas e presas pelas correntes de baixo, ela fica totalmente pendurada pelos braços, ele vai por trás dela e começa a passar a mão no corpo dela, começando na barriga, e acariciando o corpo dela, ele levanta lentamente a mão até os seios, segurando os seios dela com as duas mãos, enquanto aperta e segura os seios dela, ele começa a cheirar o pescoço dela, então esse homem coloca o queixo no ombro esquerdo dela e olha fixamente para o Renato, que via tudo aquilo acontecendo, dessa vez seu olhar já era de raiva e desespero por ver sua amada sendo abusada daquele jeito e não poder fazer nada, o homem não se preocupa com o olhar de ódio de Renato e continua olhando fixamente para ele, e enquanto ele olhava para o Renato, ele desce sua mão direita lentamente até as genitálias dela, ela tenta se sacolejar, para impedir daquilo tudo que está acontecendo com ela, mas seus movimentos são inúteis, pois seus braços estavam esticados e levantados e suas pernas estavam abertas e esticadas, ela estava pendurada.

Ela não conseguia entender daquilo estar acontecendo com ela, e isso fazia ela ficar cada vez mais desesperada, tentando falar alguma coisa, sacolejar o corpo, mas nada impedia daquele homem de tocá-la.

O Renato ao ver o homem tocando nas partes íntimas de sua amada fica cada vez mais com raiva, mas era uma raiva sem resultado, pois ele estava totalmente imóvel, e não podia fazer nada, e isso cresceu nele uma tristeza profunda, ele tenta virar a cabeça e fechar os olhos para não ver sua amada sofrendo, mas sua preocupação com ela é tanta que ele não conseguia parar de olhar para ela sofrendo daquele jeito.

O homem então tira o cinto de sua cintura e coloca na mesa, ela ao ver isso percebe que não tem mais jeito e que terá que enfrentar o pior momento da sua vida, que poderia ser a última coisa que ela viveria.

Depois de tirar o cinto ele coloca suas genitálias ereta para fora e começa a esfregar nela, ele puxa a pequena mesa para atrás dela e usa a mesa para ganhar altura para penetrá-la.

Daniele não tinha mais o que fazer a não ser chorar e olhar para seu amado que via tudo acontecendo sem fazer nada.

A ação dura por vários minutos até o homem ejacular dentro dela, e após fazer isso ele coloca suas genitálias para dentro de suas calças de volta e coloca o cinto, de volta na cintura.

O homem pega o facão abre a porta e saí deixando a porta fechada e trancada.

O Renato olha para sua amada e percebe que ela está totalmente sem força e vigor para fazer qualquer outra coisa ou movimento, ela não olhava para ele e sua cabeça ficava inclinada para o chão, ela estava totalmente inerte e o que só podia ver era as gotas de suor e choro que pingava do rosto dela para o chão.

Aquele momento parecia que nunca ia acabar, a morte poderia ter sido melhor do que viver da maneira como eles estavam.

Foram várias horas que eles ficaram ali presos, os punhos de Daniele já estavam começando a ficarem em carne viva por estar pendurada. Ela estava fraca e sem força e já não olhava mais para o seu amado.

 Até que se ouvi novamente o som de um ruido de um portão de ferro abrindo e o som de alguém caminhando de volta para onde eles estão.

Era novamente aquele homem, ele entra naquele cômodo e repede toda a ação que tinha feito antes na Daniele. Ela não reagiu pois estava muito fraca e sem nenhum vigor, e poderia morrer a qualquer momento.

 Após a ação e ejacular dentro dela novamente, o homem pega a faca e vai para atrás do Renato, ele encosta a faca no pescoço dele e espera a Daniele olhar para eles, pois ela estava fraca e desnorteada, até que ela olha para eles e percebe que o amor de sua vida estava preste a morrer.

O Renato só olhava para ela com os olhos lacrimejantes sabendo que seria a última coisa que ele veria, ela fica balançando a cabeça tentando impedir daquele homem fazer o que estava preste a fazer, mas ele não se importa com ela e corta o pescoço do Renato, fazendo ele morrer.

Ela se desespera e começa a chorar por ver seu amado morrer em sua frente.

Aquele homem então desprende o corpo do Renato da cadeira e sai daquela sala puxando o corpo pelas pernas deixando a faca ensanguentada em cima da mesa, ele fecha a porta de ferro deixando Daniele sozinha e atormentada com tudo o que aconteceu. Naquele momento já não tinha mais o Renato, mas somente uma cadeira de ferro vazia e um chão todo cheio de sangue.

A única coisa que ela esperava agora era a sua morte, pois tudo o que ela esperava acontecer aconteceu pior do que ela esperava.

Depois de algumas horas o homem volta para aquele lugar quente e encontra Daniele totalmente sem reação com a cabeça baixa, pois parecia estar morta, ele dá uns tapas no rosto dela para despertá-la, ela desperta, mas claramente sem forças para fazer qualquer outra coisa.

O homem então pega uma seringa do bolso e injeta-a no pescoço fazendo-a apagar.

Daniela acorda com a luz do sol batendo em seu rosto, em uma estrada vazia, longe de qualquer cidade, apenas com um lençol preto que cobria seu corpo nu violentado.

Ela não tem forças, simplesmente senta na beira da estrada e começa a chorar por tudo o que ela vivenciou naquela noite, até que passa um carro branco com uma mulher que ver a Daniele sentada na beira da estrada chorando, a mulher pensa que é uma moradora de rua e tenta ajudá-la.

– Bom dia menina, – perguntou a mulher vendo o semblante triste, sujo e suado dela, – está tudo bem com você?

Daniele olha para a mulher, mas não responde nada, e chora.

A mulher senta do lado dela e pergunta:

– O que houve, aconteceu alguma coisa? Você precisa de ajuda?

Ela olha para a mulher com o rosto todo inchado de tanto chorar e diz:

– Eu fui violentada e estrupada, mataram meu namorado na minha frente.

A mulher se assusta e fica surpresa pela resposta dela. Pega-a pelo braço levanta a jovem de dezesseis anos e coloca ela no banco do carona do carro e sai com o carro.

– Como isso aconteceu? – perguntou a mulher tentando entender a situação dela, – Você viu quem fez isso com você?

A jovem não conseguia responder, só conseguia chorar, a mulher entende e segue viagem.

Depois de um tempo viajando ela explica para mulher tudo o que ela viveu naquela noite. A mulher extremamente surpresa e em choque a leva para uma delegacia.

Lá a Daniele conta tudo o que aconteceu para a polícia, ela faz corpo de delito e exames para registrar a violência que ela sofreu. Logo ela é levada para a casa de seus pais que haviam feito uma ligação para a polícia para registrar o desaparecimento dela na noite passada.

Em casa, Daniele se encontra totalmente traumatizada com tudo o que aconteceu com ela, seus pais não sabem como lidar com a situação, pois ela vive em seu quarto trancado e preza sem receber nenhuma visita. Ela só consegue chorar, sua mãe é a única que entra em seu quarto e mesmo assim é para alimentá-la, pois ela não quer falar sobre o que aconteceu com ninguém.

Dois meses depois de tudo o que aconteceu, Daniele já se encontra mais disposta, mas mesmo assim ainda continua um pouco abalada com tudo o que viveu.

Um dia Daniele começou a se sentir mal, ela ficava muito enjoada, vomitando e sentia náuseas. Ela não revelou nada para ninguém sobre o que estava sentindo, foi quando ela resolveu fazer um teste de gravidez, que acabou dando positivo, nesse primeiro teste ela ficou desesperada, pois não podia acreditar no que estava acontecendo com ela, e resolveu fazer mais dois testes, nos quais também deram positivos, foi então que ela começou a lembrar do momento de terror que ela viveu, e uma mistura de tristeza e desespero ela começou a sentir, seu corpo tremia muito e seu coração começou a bater rapidamente, as lembranças daquela triste noite vinha a tona novamente em sua mente como nos sonhos que ela tinha frequentemente. Foi uma noite que nunca permitiu dela ter paz, e que a atormentava todas as noites enquanto dormia.

Houve um dia que ela já não conseguia mais ser atormentada pelas lembranças daquela triste noite e resolveu tomar uma decisão que acabaria de uma vez com aquele sofrimento.

Daniele escreve uma carta de despedida para seus pais e a coloca na escrivaninha do quarto ao lado da cama. Ela sai e vai até uma passarela que atravessa os trilhos do trem, onde ela fica esperando um trem passar, para pular e se jogar na frente do trem, mas enquanto ela fica olhando para os confins dos trilhos esperando o trem chegar, ia passando a mulher que havia a socorrido no dia da noite do seu sofrimento. Essa mulher ia passando e reconheceu de longe a Daniele, e sabendo ela de tudo o que a jovem sofreu e o que a menina estava preste a fazer, ela corre para se aproximar da jovem mais rápido e impedir de uma tragédia acontecer e para conversar.

Já era possível ver o trem que vinha de longe em uma grande velocidade, e a Daniele já estava pendurada na beirada da passarela para pular, e enquanto via tudo acontecendo a mulher corre o mais depressa possível para impedir, e antes da menina pular a mulher consegue chegar perto e por detrás da Dani, ela a abraça e puxa a garota para o meio da passarela, impedindo dela pular.

Após o acontecimento a jovem olha para quem a salvou e reconhece que foi a mesma pessoa que tinha a ajudado no dia de sua grande tristeza, ela então dar um abraço bem apertado na mulher e começa a chorar sem falar nada.

A mulher emocionada a abraça bem apertado também e chora pela tristeza que ela sabia que a menina tinha, depois de um tempo abraçadas elas descem da passarela e sentam em um banco de madeira da praça que ficava por ali.

Após alguns minutos e quando a jovem já estava mais calma elas começam a conversar.

– Dani, eu sei que o que você está passando não deve ser fácil, – disse a mulher acariciando a cabeça da jovem com a mão direita – mas você não deveria fazer isso, pensa nos seus pais, de como ele se sentiriam se perdessem você.

Daniele olha para ela com os olhos lacrimejando e diz:

– Eu sei, mas dói muito, eu não consigo dormir direito a noite, eu sonho com aquele dia todas as noites, aquele homem desgraçado destruiu a minha vida, assassinou meu namorado na minha frente, me violentou e… – ela dá uma pausa, pois sua tristeza havia crescido enquanto ela desabafa para a mulher que lhe ajudou e com os olhos cheio de lágrimas, com um semblante de raiva ela continua – me estuprou! Não aguento mais viver assim!

– Eu imagino – disse a mulher – não deve ser fácil, mas você tem que ser forte, pois você é jovem e tem bastante coisas boas para viver. Pense pelo menos nos seus sonhos.

Ao ouvir isso, a menina olha fixamente para a mulher e com um tom de raiva, ela levanta a voz e fala:

– Sonho!? Que sonho!? Aquele maldito tirou tudo de mim, inclusive meus sonhos! Eu tinha planos para realizar com o Renato, a gente sonhava em se casar, ter os nossos filhos, estávamos até juntando dinheiro para conseguir comprar uma casa para a gente se casar, e tudo acabou por causa daquele assassino. Eu não tenho mais sonho, foi tudo destruído.

Ao ouvir tudo o que a Daniele disse, a mulher se emociona de forma que seus olhos começam a se encher de lágrimas e diz:

– Eu não sei o que dizer, queria saber como eu poderia diminuir a sua dor.

Daniele chora e deita no colo da mulher, a mulher começa a fazer carinho na cabeça da menina, e arrumando o cabelo.

O silêncio entre elas fica por alguns segundos. Então para quebrar o gelo a mulher diz:

– Eu era igual a você, eu e meu marido também tínhamos um sonho de formar uma família e ter os nossos filhos, nós conseguimos tudo, nos casamos, compramos uma casa, temos uma vida bem sucedida, mas o que nós precisávamos de mais importante, nós não tínhamos que era ter os nossos filhos, e infelizmente isso nunca aconteceu e nem vai acontecer.

– Por que? – perguntou a menina.

– Porque eu não posso gerar filhos, quando eu era mais nova, mais ou menos a sua idade, eu sofri um acidente que afetou meu útero, e isso me impediu de ter filhos, eu e meu marido estamos querendo adotar uma criança, mas infelizmente não estamos conseguindo. – disse a mulher enquanto acariciava a cabeça da jovem em seu colo.

O silêncio mais uma vez surge, e a menina pede.

– Você poderia me levar para a casa?

– Claro, com maior prazer. – respondeu a mulher com um sorriso meigo e simpático.

Elas levantam entram dentro do carro branco, e vão embora.

Esse foi o dia que a Daniele tinha resolvido tirar sua vida, mas foi salva por quem a ajudou, mas a dor aumentou ainda mais ao saber que estava grávida da pessoa que destruiu a sua vida. Grávida de alguém que ela não queria.

As lembranças daquele momento fizeram a ficar extremamente nervosa e desorientada, não sabia o que fazer, se contava para os seus pais ou não, seu coração batia muito rápido, e essa mistura de tristeza e desespero ia ficando cada vez maior e pesado.

Ela senta no vazo sanitário fechado, tenta respirar fundo e se acalmar, mas a tristeza era tanta que seus olhos não paravam de escorrer, então ela levanta joga os testes no lixo, corre até o quarto se joga na cama coloca o travesseiro no rosto e se entrega ao choro, ela chora massivamente, seus gritos de choro são abafados pelo travesseiro, ela chora por bastante tempo, até não conseguir mais chorar.

Na manhã seguinte, Daniele se levanta para ir à escola, enquanto ela se arruma, ela pensa no que vai fazer em relação a sua gravidez.

Seus pensamentos eram confusos, mas ela tenta alguma forma de resolver aquele problema que ela tinha.

Após as aulas, durante o recreio ela procura uma menina que também estudava na mesma escola e que tinha feito aborto, ela queria saber como é feito o aborto.

A menina passa a informação de um endereço de uma clínica clandestina que faz esse tipo de trabalho.

Após sair da escola, ela vai até o banco e retira uma quantia em dinheiro da poupança que ela estava ajuntando com o Renato e vai até essa clínica.

Chegando lá, a recepção pede a ela para esperar que logo ela será atendida, a jovem então vai até em uma das cadeiras que tinha ali e senta.

Enquanto espera, ela fica pensativa, e tenta descobrir em seus pensamentos se ela estava ou não fazendo a coisa certa, pois seus pensamentos eram confusos, era uma mistura de medo, desespero, raiva, tristeza, tudo fluindo ao mesmo tempo dentro dela.

Após alguns minutos uma menina de aproximadamente 20 anos entra na clínica e senta ao lado de Daniele.

– Boa tarde! – disse a jovem.

– Boa tarde! – Daniele responde.

– Você está esperando a muito tempo? – perguntou a jovem.

– Alguns minutos. – a Dani respondeu.

– É assim mesmo, – disse a jovem – eles demoram a atender, já é a segunda vez que eu venho aqui fazer aborto.

– Segunda vez? – Daniele pergunta surpresa.

– Sim, eu e meu namorado não queremos ter filhos, então quando eu engravido eu tiro.

– E você se sente bem com isso? – perguntou a Dani surpreendida com a reposta da jovem.

– Sim, e por que eu não deveria? – a jovem responde com naturalidade – É só um feto que não vai fazer diferença nenhuma se eu tirar, e se eu não quero ter filhos eu não vou ter. E ninguém vai me obrigar a isso.

Daniele fica espantada com o que a menina diz, e acaba lembrando dos seus sonhos de ter filhos, os momentos que ela conversava com seu amado de como seria cuidar dos filhos, os nomes que eles teriam, as vezes que ela ria e brincava com seu amado de como seus futuros filhos seriam, sonho esse que, ela lembra que também era o mesmo sonho da mulher que a salvou, então ela reavalia se o que ela estava preste a fazer era realmente o que ela deveria fazer.

Ela fica um pouco desorientada, não conseguindo reagir a nada. Até que alguém chama pelo nome dela, ela escuta chamando, mas não sabe se vai, e enquanto chamam o nome dela ela fica paralisada sem saber se vai ou não, até que param de chamar por ela. Daniele então se levanta pega o celular e liga para a mulher que havia a salvado antes, marcando de se encontrarem para conversar.

No dia seguinte, Daniele se encontra com a mulher no mesmo lugar onde elas tinham ficado quando ela tentou tirar sua própria vida.

 – Oi, Dani, aconteceu alguma coisa? – perguntou a mulher.

– Sim. – ela respondeu.

E com os olhos cheio de lágrimas ela continua:

– Eu estou grávida!

A mulher então se espanta abraça-a e diz:

– Fica calma, eu estou aqui com você. – houve uma pausa de alguns segundos – Mais alguém sabe que você está gravida?

– Não, – ela responde triste – ninguém sabe, eu não contei pra ninguém, só pra você.

Elas ficam abraçadas, e a mulher pergunta:

– E o que você pretende fazer?

Daniele engole o choro olha nos olhos da mulher e fala:

– Eu fui até uma clínica para tirar, mas não consegui fazer isso, fiquei muito confusa, não sabia se era o certo a se fazer, lembrei de muitas coisas, e acabei não fazendo o que eu pretendia, mas queria saber de uma coisa... – ela para.

– O que? – a mulher pergunta tentando entender.

– Se eu tiver essa criança, eu não vou conseguir cuidar dela depois de tudo o que houve, o motivo pela qual fez essa criança existir, seria dolorido de mais para mim. Eu não posso passar por isso... – ela para.

– E o que você pretende fazer, – a mulher pergunta.

– Eu queria saber se depois que eu tiver essa criança, que você ficasse com ela e cuidasse dela como se fosse seu filho. – a jovem pede sem hesitar.

Ao ouvir isso, a mulher fica muito emocionada, dá um belo sorriso e começa a chorar, ela abraça a menina bem forte e diz:

– Claro que sim, eu e meu marido ficaríamos muito felizes, você não tem ideia de como a gente está procurando uma criança para criar, é um sonho que ser tornará realidade.

Depois de ouvir a mulher Daniele dá seu primeiro sorriso depois de muito tempo, desde a noite sombria, e abraça-a.

 

Feito por: Elielton Lima

Data: 28/02/2022


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