A parede branca


Havia uma parede branca que eu via nos momentos inconscientes.
Só era possível ver essa parede quando o meu corpo e minha mente estavam desligados.
A parede branca só aparecia à noite e cada vez que eu a via, imagens sobre a parede apareciam.
Imagens essas que na realidade não aconteciam.
Eram imagens que dentro de mim eram bem reais, mas de realidade não tinham nada.
Em uma das imagens eu via que aquele que deveria me amar aparecia.
Nessa imagem ele me abraçava e de volta em casa ele estava.
Essa imagem na parede branca se repetia a cada noite em que eu a via.
A imagem na realidade não existe, mas dentro de mim era bem real.
Era tão real para mim, que eu imaginava como seria se ela existisse na vida real.
O irreal que havia dentro de mim era bem real.
Toda vez que a minha consciência voltava e o meu corpo despertava, eu lembrava que aquela imagem na parede não era real.
Aquele que deveria me amar, na realidade veio a me rejeitar.
A tristeza em mim surgia, pois eu queria que o irreal que para mim era real, fosse real.
A realidade não me permitia viver a irrealidade que em mim vivia.
Tinha que entender que as imagens da parede branca não eram reais.
Por mais que quisesse e que para mim fossem reais, a realidade não me permitia a viver o irreal.
E percebi que essa imagem era apenas uma imagem na parede branca.
Cada noite que passava e a cada descanso, eu via a parede branca.
E toda vez que eu a via, uma nova imagem surgia.
A cada imagem que aparecia, eu via um possível futuro.
Muitas imagens que eu via na parede branca eram bem confusas e sem sentido.
Essas imagens sem sentido me demostravam algo que nunca seria real.
Eram imagens que não deixavam de serem apenas imagens sobre uma parede branca.
Enquanto eu via outras imagens sobre a parede branca, que me traziam lembranças de coisas que eu vivia, mas que já passaram.
Eu via também pessoas nas imagens que apareciam na parede branca.
Tinha nas imagens pessoas que o tempo e a vida distanciaram e que próximo de mim já não estavam.
Pessoas essas que só deixaram saudades.
Via também na parede branca imagens que me traziam esperança.
Essas imagens me mostravam como seria se acontecesse aquilo que eu queria que acontecesse.
Eram imagens de coisas que eu desejava, mas que a realidade não permitia eu viver.
Tudo isso eu via na parede branca.
Percebi então que a parede branca já não estava branca, mas agora era uma parede toda preenchida com imagens.
Cheguei a desejar viver mais na parede branca do que a realidade.
Pois a realidade só me trazia dor e sofrimento, enquanto que na parede branca eu via imagens que me traziam lembranças, esperanças e alegria.
Mas infelizmente eu não podia viver na parede branca e nem a irrealidade que havia em mim, pois eu precisava viver a realidade.
Sou obrigado a viver uma realidade que me distancia da irrealidade.
Sou obrigado a viver uma realidade que me distancia da parede branca.

Criado por: Elielton de Lima
Data: 14/08/2019


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